quarta-feira, 16 de abril de 2014

Naquela semana foi como nesses dias


Naquela vez foi a semana inteira. Ia para o banheiro correndo para não entristecer bem na frente das outras pessoas. Era assim no almoço, de tarde e também de noite. Quando chegava em casa e me deitava no chão da sala, era meu cume. Dava que, às vezes, acordava de madrugada assim também. Ou abria a geladeira e também acontecia. Experimentei umas coisas que via em filmes e achava que não acontecia com ninguém, que era ficção, tal. Até então não tinha ideia que aquilo acontecia de verdade. Aquela semana tem se repetido por esses dias, mas de formas pontuais. E tenho escrito aqui - desde aquela época - para que o velho, ao ler este moço, tenha certeza dos fatos e se conforte. Não entendo, me esforço para entender, mas não chego lá. Não tenho isso de tirar satisfação, de precisar confrontar. Se trago uma flor, se preparo surpresa de páscoa, se não limpo a casa do jeito que não me foi pedido, se não compro as coisas que não sei que acabaram, se a entrega da mesa atrasa ou se há água no hall de entrada na parte comum do prédio, não importa: tenho sempre que ser afrontado. Tenho buscado melhorar em tudo que me é pedido, passo uma vassoura na casa todo dia, lavo a louça todo dia, ajeito as coisas que estão aqui, ali, por lá. Mas juro que se tivesse mais espaço eu organizaria aquele canto da bagunça. Ela sou eu, ela está lá para aquela tarde vazia eu ligar a guitarra e seu amplificador pesado. Tudo está no seu lugar. Mas esse lugar já não é só meu. Queremos caber aqui, percebe? E se acerto aquele canto, outras coisas serão afrontadas. Tem sido assim.

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