terça-feira, 4 de novembro de 2014

Ó tempo tão desigual


Sinceramente esperava mais saculejos ao longo da vida. Até os 30 foi tudo muito tranquilo, calmo, demasiadamente calmo. Um ou outro baque, mas normais, coisas da vida. Alguns aprendizados, algumas notícias razoáveis aqui, outras pessoas indo embora ali, cada qual com um destino e um tipo de passagem diferentes. Tá tudo tão igual, mas uma observação tem me tirado a vontade de café: o tempo tem passado diferente conforme sua vaidade. Voa quando peço calma, não passa quando preciso dele como remédio. Às vezes sou capaz de jurar que ele fica ali, na esquina, me observando enquanto tenta relaxadamente se esconder atrás do fino poste de endereços. Nessa brincadeira sou eu quem sempre levo a rasteira. Ele me deu possibilidades, oportunidades, até afeto - me arrisco a dizer. Mas é tão desigual! O que deveria parecer uma aventura fica assim num sentimento de quase angústia. Agora, por exemplo, ele voa.

Um comentário:

lídia martins disse...

Sempre que volto ao meu antigo endereço, descubro que os quadros do passado, presente e futuro se misturam, como se fossem os mesmos. Os olhos se enchem de cores. A mais expressiva, é a cor verde. Tenho esperanças Santi, "a qualquer hora pode suceder-nos que tudo mude."

Um beijo.